Poucos artistas no Brasil alcançaram tanto sucesso em 30 anos de carreira na TV como Xuxa Meneghel.
Ao completar nesta quarta-feira, dia 27 de março, meio século de vida, a
apresentadora abre um sorriso de satisfação ao fazer um balanço de sua
fenomenal trajetória. “Sou uma vitoriosa. Chego aos 50 com mais bônus do que qualquer outra coisa”, ressalta ela, ao receber CARAS
em sua casa, na Barra da Tijuca, Rio. O brilho a mais no olhar também
tem a ver com a excelente fase na vida afetiva. Desde dezembro, a
estrela namora o ator e cantor Junno Andrade (49), com
quem vive uma relação apaixonada, com trocas de declarações até via
redes sociais, como o Facebook. “Estou feliz. Isso faz a maior
diferença, né? Tudo fica lindo!”, reitera a loira.
Apesar dos elogios que tem recebido por sua beleza, Xuxa também brinca com as agruras da nova idade. “Não que eu seja ‘veia’, eu sinto... É só cantar aquela minha música, Cabeça, ombro, joelho e pé, dói tudo”, diverte-se a mãe de Sasha (14). Sua filha, da união com o ator Luciano Szafir (44),
atualmente é levantadora do Flamengo nas categorias de base do vôlei e
só lhe traz orgulho. Com tantos motivos para comemorar, a estrela não
quis grandes festas. O melhor, segundo ela, seria que os amigos
mandassem bolos e presentes para a sua fundação, mantida há 23 anos em
Pedra de Guaratiba, no Rio. Com tantos trabalhos, iniciados no fim dos
anos 1970 como modelo e depois na TV, na extinta Manchete e na Globo,
onde está há 27 anos, Xuxa ganhou admiradores e muitos amigos no meio
artístico, como o apresentador Fausto Silva (62), o casal Luciano Huck (41) e Angélica (39), a jornalista Glória Maria, o cantor Caetano Veloso (70) e os atores Susana Vieira (70) e Reynaldo Gianecchini (40). Alguns, como a cantora Ivete Sangalo (40), a consideram uma irmã. “Xuxa
é linda. Uma pessoa que amo. Zero de juízo. E acho que é isso que
aproxima a gente ainda mais. Nossos filhos vão crescer juntos, felizes.
Somos amigas para toda a vida”, afirma a baiana, mãe de Marcelo (3), de sua união com o nutricionista Daniel Cady (27). Seu vizinho e com quem fez um dos primeiros filmes na carreira, O Trapalhão na Arca de Noé, em 1983, Renato Aragão (78) também fala com bastante emoção da estrela. “Eu
e minha família temos um carinho especial pela nossa ‘Rainha’. E
desejamos tudo de melhor para ela. Parabéns por mais um ano de vida. Um
beijo no seu coração”, diz.
Nesta entrevista, a apresentadora ainda comenta seus relacionamentos mais importantes: com o ex-jogador Pelé (70),
por seis anos, o piloto Ayrton Senna (1960-1994), com quem ficou dois, e
Luciano Szafir, entre idas e vindas, 16 anos. “Amei muito todos que
passaram pela minha vida, mas de forma diferente”, ressalta. Indagada
ainda se teria desejo de ser mãe novamente, a estrela não descarta a
possibilidade. “Vontade dá e passa. Eu já estou satisfeita só com a
Sasha, mas ela ainda pede um irmão. Deixo nas mãos de Deus”, diz.
Xuxa se emociona quando lembra do início de sua história, ainda na
terra natal, Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, e depois da mudança com
os pais, Floriano (80) e Alda Meneghel (75), e os irmãos, Solange Aldaiz (58), a Sola, Mara Rúbia (56), Cirano Rojagabaglia (54) e Bladimir
(52), o Blad, para o Rio. Primeiro a família foi morar no bairro de
Santa Cruz e, posteriormente, em Bento Ribeiro, subúrbio carioca. Os
números de suas conquistas até hoje surpreendem: em torno de 40 milhões
de discos vendidos; 37 milhões de espectadores de seus filmes no cinema;
12 programas, do Clube da Criança, na Manchete, até o atual TV Xuxa, na
Globo; além de programas no exterior, como Argentina, Espanha e Estados
Unidos.
– Como analisa sua trajetória?
– Chego aos 50 anos com mais bônus do que qualquer outra coisa. Aprendi
tanto e ainda tenho muito a aprender. Mas agora acho que consigo
valorizar mais a vida. Não sei se é porque não tenho mais tanto tempo a
perder. Não dá para ficar dizendo: ‘ah, daqui a alguns anos vou fazer
tal coisa’. Já não era assim, sempre pensei em fazer tudo para ontem.
Hoje, com esta idade, não vou me dar ao luxo de dizer que só farei algo
daqui a um mês. Ou é agora ou não é. Então, cheguei aqui querendo viver,
sem perder tempo, não estou com medo de ser feliz. E com uma filha
linda. Foi ela quem me tornou uma pessoa menos egoísta.
– Achava-se assim?
– Sempre pensei muito em mim. Agora estou focada na Sasha, segurei
minha ansiedade, até porque precisei esperar nove meses para ela nascer.
Mas continuo sendo ansiosa, um pouco egoísta, porém uma pessoa bem
melhor.
– Considera o título de mãe o mais importante?
– É um milagre, você gera uma vida. Imagina, eu trabalhava com
crianças, ouvia sempre os gritos de ‘Xuxa, eu te amo’. Mas saía do
trabalho, as crianças iam embora com suas mães e eu voltava de mãos
vazias. Não ouvia esta palavra mágica, mãe. Agora vejo a Sasha, mesmo
com 14 anos, gritando, ‘mããããe’. Chega a dar um aperto no coração, é
tão bom...
– Tem o sonho de outro filho?
– Vontade é algo que dá e passa. Mas eu tenho a Sasha para me lembrar
que este desejo devia estar mais presente na minha vida. Ela sempre quis
muito que tivesse outro. Já estou muito satisfeita com a Sasha, mas ela
fica pedindo. Nem posso dizer ‘pôxa, não dá’, porque agora tenho
namorado, poderia rolar. Então vamos ver o que vai acontecer. Se Deus
quiser,
quem sabe? Está nas mãos dele.
– Você teve poucos relacionamentos longos, pelo menos públicos. Mas diria que foi feliz no amor?
– Todas as pessoas que tive amei muito, de formas diferentes, mas amei
muito. Obviamente, quando a gente termina uma relação, pensa: ‘putz,
como eu pude fazer tanta coisa errada?’ Mas estou feliz com tudo o que
tem acontecido, os amores que vivi, porque sempre achei difícil um
relacionamento a dois. Todos que namorei tinham suas vidas,
compromissos. Um era o maior atleta do século, outro, o maior
corredor... As relações não foram fáceis, e isso me levava a pensar:
‘chega, já deu tudo o que tinha que dar, estou casada mesmo com meu
trabalho, não quero casar com ninguém, estou feliz com minha filha’.
Então, no finalzinho, vem uma cereja no meu bolo, o Ju. Estou adorando.
– O que este encontro trouxe para sua vida neste momento?
– (risos) Ah, um brilho a mais no olhar e muitas outras coisinhas.
Acredito que uma paixão nova pode rejuvenescer a gente. O Ju é muito
verdadeiro, tem um humor maravilhoso, me faz rir até de manhã cedo. Além
disso, é carinhoso, cheiroso e muito inteligente.
– E como era o bebê Xuxa?
– Minha mãe conta histórias que eu não queria comida, era só chocolate e
doce. Ela diz que eu não gostava de leite e, quando nasci, me arrepiei
toda ao mamar. Mas lembro muito, e até é engraçado, que, desde criança,
queria aparecer. A mãe disse que uma vez fez uma roupa para mim toda
verde, com bolsinha, e fomos a um casamento ao ar livre. Se tirasse foto
com aquela roupa e o cenário verde, não iria aparecer. O que fiz?
Escolhi um fundo que me destacava, o vestido da noiva, todo branco.
Fiquei o tempo todo na frente dela, com a mão na cintura.
– Fale das lembranças da infância.
– Gostava muito de passar as férias em Tramandaí, no Rio Grande do Sul.
A gente viajava numa Kombi. Depois, quando cresci, mesmo no Rio, ainda
ia para lá ou para Coroa Grande, RJ. Então, tenho estes lugares muito
marcados, Santa Rosa, Coroa, mas o bairro de Bento Ribeiro é onde fui
criada. Acima de ser gaúcha, fico emocionada ao ouvir falar de Bento
Ribeiro. Quando vejo a imagem do trem, sinto até o gosto do bolinho que
vendiam na estação, todo gorduroso, mas gostoso. Além de ser
interiorana, sou suburbana, com muito orgulho.
– Para quem sempre gostou de fazer pose, como foi se tornar modelo?
– Uma brincadeira maravilhosa. Vestir roupas que não eram minhas, fazer
maquiagem diferente, cabelo. Uma hora era noiva, outra, uma mulher
fatal, fazia personagens.
– Em determinado momento você foi contratada da Ford Models, em Nova York. O que isso representou?
– Foi ótimo, porque muitas pessoas achavam que eu só aparecia no Brasil
porque era namorada do Pelé. Comecei a trabalhar com 16 anos. Aos 17,
já tinha mais de 50 capas, antes mesmo de conhecê-lo. Ficava bastante
chateada com isso. Precisava fazer algo, até para provar que conseguiria
sobressair onde ninguém me conhecia. Em dois meses fora, já tinha
muitas propostas. Na mesma época, tive a possibilidade de fazer programa
para criança na extinta Manchete.
– E como foi trocar as passarelas pela televisão?
– Na época achei punk. Primeiro, senti muito medo, porque gostava muito
mais de brincar com elas do que elas comigo. Tinha receio que
dissessem que estava velha para isso. Não planejei ser Rainha dos
Baixinhos. O Xou da Xuxa foi um grande aprendizado, ninguém sabia o que
esperar, mas foi tudo acontecendo por acaso. Ao mesmo tempo em que
queria continuar minha rotina, era gostoso ser reconhecida. Mas chegou
um momento em que para ir a um parque de diversões tinha de usar peruca,
causava tumulto, as pessoas choravam ao me ver. Fiquei assustada com o
resultado. Não sabia lidar com isso. Como uma pessoa pode me amar sem me
conhecer?
– Já sabe a resposta?
– Achava que a explicação estava na minha voz, nas roupas, mas as
crianças com deficiência visual ou auditiva também gostavam de mim.
Também nunca fui de tratar a criança com tatibitate.
– Qual o seu maior orgulho?
– Sou privilegiada por trabalhar para crianças, recebo o melhor, mais
puro e verdadeiro sentimento. Mas eu gostaria de deixar alguma coisa
para as pessoas. Hoje, vejo os baixinhos que cresceram comigo dizendo
que não bebem e não fumam. Nunca fiz nada que fosse declaradamente
errado. Acho que a minha vida tem o dedo de Deus, muitas coisas me foram
dadas sem que eu pedisse.
– Cite um grande desejo.
– Queria que a nossa lei — Lei da Palmada contra castigos e punições
físicas a crianças no ambiente familiar — saísse. Também sonho que a
minha fundação possa se autossustentar.
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